Organizações e Pessoas, alguma novidade na pandemia?
- Flavio Lima
- 5 de jan. de 2023
- 2 min de leitura

Nestes últimos 3 anos de pandemia e pós-pandemia (se é que chegou) fomos bombardeados com as discussões sobre os impactos dos fatores humanos nas organizações. Trabalho remoto, híbrido ou on-site. Como motivar o colaborador a produzir ou como aumentar a sua produtividade. Como prover as condições para que se possa desempenhar as atividades e muitas outros temas. E, naturalmente, surge o questionamento se a pandemia nos trouxe algo novo para a prática da ciência da Administração.
Esta ciência recém-nascida no início do século XX veio ao mundo com um propósito ou raison-d’être (um pouco de francês para deixar o texto chic e não me deixar esquecer o pouco que aprendi da língua) de busca pelo aumento da produtividade das organizações.
Nos seus primórdios, esta busca se concentrou em fatores físicos e ambientais. O fator humano era ignorado ou considerado secundário. A Administração abordava as organizações com uma visão mecanicista que mostrava a tarefa, a estrutura e a autoridade como suas 3 rainhas que guiariam os estudiosos e os praticantes pelo caminho até a chegada ao nirvana organizacional de produzir mais e melhor.
Não que inexistisse o fator humano. Mesmo Taylor, Fayol e Weber queriam que o trabalhador fosse bem remunerado e feliz com o seu trabalho, mas em suas visões tudo que se poderia fazer para uma organização ser mais produtiva seria protagonizado pela tarefa, pela estrutura e pela autoridade.
Como a única constante em nosso mundo é a mudança, em algum momento e com as condições apropriadas outras visões surgiriam. E por volta de 1920, uma grande novidade aparece, e se instala, desbancando o reinado das 3 rainhas. O elemento humano passa a ser considerado na Administração com fator de importância (na minha opinião o mais importante) na busca de organizações mais produtivas.
Esta nova “Escola” de Administração conhecida como Escola das Relações Humanas surge com os experimentos de Hawthorne em Chicago em 1927 liderados por Elton Mayo. Estes experimentos surgiram de um lobby da nova (à época) indústria da eletricidade que procurava elementos para mostrar que a iluminação elétrica poderia trazer ganhos de produtividade às organizações. Os experimentos não conseguiram mostrar esta relação de causa-efeito. Com mais ou menos luz elétrica a produtividade aumentava sem relação causal aparente.
De toda forma e à parte de todas as controvérsias metodológicas dos experimentos que são discutidas até hoje, eles abriram novas perspectivas sobre a motivação das pessoas no trabalho e sua influência na produtividade. Trazendo assim de forma definitiva o elemento humano ao centro da ciência da Administração.
Hoje quando nos deparamos com termos como “great resignation”, “quiet quitting” e os impactos cotidianos nas operações e nas estratégias de cada organização, somos levados à reflexão do quanto não aprendemos sobre o fator humano depois de quase 100 anos da Escola de Relações Humanas. E desbanca qualquer teoria que a pandemia nos trouxe novidade real quanto ao fator humano na Administração.
Se sua organização e seus líderes estão perdidos com tantas tendências e discussões neste tempo pós-pandêmico, minha sugestão é que esqueçam os modismos e se concentrem no básico. Pessoas.
Commentaires